Comunicação Inteligente

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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Meu bebê é Down - EDUCAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

Um dossiê completo sobre a gravidez, os primeiros cuidados e o desenvolvimento de uma criança especial.

Por Mônica Brandão

Meu bebê é Down

34 - Eu e meu marido trabalhamos fora de casa. Meu bebê pode frequentar um berçário?

Caso ele não tenha outras complicações que exijam cuidados intensivos, pode ir sim. Melhor ainda se existirem pessoas com experiencia no assunto no berçário. Voce deve combinar a rotina do bebê, o que merece mais atenção, medicamentos, vitaminas e refeições que seu filho deve fazer - como acontece com qualquer mãe. A experiencia do berçário fará muito bem. Seu bebê entrará em contato com outras crianças desde cedo e poderá interagir, brincar, aprender com elas. A criança com Down precisa de muitos estímulos e nada melhor do que outras crianças para lhe proporcionarem isso.

35 - Como escolher uma escola para meu filho?

Em primeiro lugar, voce precisa confiar na equipe, gostar da ideologia do local, se sentir segura em deixar seu filho ali. Também é necessário observar se a escola está preparada para recebê-lo, se conhece o contexto da situação, se acredita na inclusão. Caso já atenda a outras crianças com deficiencia, será um bom sinal.
Nem sempre a que é considerada a melhor escola da cidade será a mais adequada para o seu filho. Ou aquela que voce estudou a infância toda. A filosofia da escola deve ser a de enxergar a criança como um indivíduo único, o que significa ver cada aluno como ele é, com as suas necessidades individuais, apresentando alguma deficiencia ou não. E os profissionais que ali trabalham devem estar comprometidos com isso e gostar do que fazem. Não adianta a escola dizer que é inclusiva e ter um elevador supermoderno com comando de voz se não tiver uma professora que limpe o nariz da criança com carinho.
No dia a dia, a criança com Down tem de estar em contato direto com os seus colegas, fazer o mesmo que eles. Não dá para o professor pensar: "Ele não vai conseguir mesmo, então vou deixá-lo de lado". Ela deve participar de todas as atividades. Mas isso não anula o fato de que talvez seja preciso um pouco de adequação e ajuda. Escolas e professores que conseguem entender essa sutileza são os melhores para crianças com a Síndrome.
Mas atenção: a escola não dará conta de tudo. Muitas vezes, a criança com Down precisa de outros apoios para trabalhar alguma limitação. Se o bebê apresentar problemas motores ou dificuldades para pegar um lápis, por exemplo, precisará de trabalhos paralelos com uma fisioterapeuta.   

36 - Como vai ser o aprendizado dele?

A criança com Down aprenderá tudo, mas no seu tempo. Quanto mais estímulos e interações ela tiver, melhor. O contato com os coleguinhas do berçário e da escola vai incentivá-la a tentar fazer tudo o que eles fazem: pular, correr, desenhar, contar histórias e lidar com os números e as primeiras letras. Algumas vezes, voce pode até sentir que ela está "atrasada" em relação aos amiguinhos. Não faça comparações. Isso não é aconselhável para nenhuma criança, com deficiencia ou não. E as escolas não trabalham mais com esse conceito. Cada criança tem seu ritmo de aprendizado e isso deve ser respeitado. 

37 - Qual deve ser o meu objetivo na hora de educar meu filho com Down?

O mesmo que voce teria se ele não tivesse a Síndrome: ensinar os seus valores, a vida em sociedade, os limites e prepará-lo para ter o máximo de autonomia que conseguir. Seu filho pode ter alguma limitação por causa da Síndrome, mas, quanto mais a família acreditar que ele é capaz, mais ele será mesmo. Por isso, cuide de detalhes do seu desenvolvimento, como proporcionar estímulos, interações, experiencias, boa visão e audição, medicamentos para possíveis problemas. Assim voce diminuirá as complicações que podem prejudicar a busca por autonomia no futuro. E imponha limites - não é porque ele tem uma deficiencia que poderá fazer tudo. Os limites o ensinarão a viver com as outras pessoas. Não se engane: todo esse processo é válido para qualquer criança, tenha ela deficiencia ou não. 

38 - Preciso incentivar a vida social do meu filho?

Sim, precisa, uma vez que a criança com Down geralmente tem muitos compromissos médicos e isso toma o tempo em que ela naturalmente iria se relacionar com os vizinhos, os amiguinhos do prédio e parentes. Os pais precisam ficar atentos, investir mais na socialização. É natural que eles fiquem muito preocupados com as questões médicas, para manter a saúde do filho em dia, e esquecer completamente esse lado. Ir a um berçário ou escola ajuda bastante: ela terá de lidar com crianças da sua idade e fará amizades. 

39 - Como eu lido com o preconceito?

A melhor maneira é respirar fundo, ter paciencia e ensinar ao outro o que significa realmente ter Down. Existem muitos mitos envolvendo o assunto e as pessoas terminam assustadas e cheias de fantasias. Voce poderá escutar bobagens como "não quero que meu filho brinque com uma criança doente" ou "ele mordeu meu filho só porque tem Down" e terá de lidar com isso e explicar a pessoa que nada disso é verdade: que seu filho brinca normalmente e, como qualquer criança, pode morder o coleguinha. Hoje em dia, as pessoas estão mais informadas. Uma boa conversa e, principalmente, a convivencia com o seu filho mostrará a elas que não é necessário ter tais sentimentos. A maioria, segundo os especialistas, acaba ajudando e se apaixonando pela criança. Muitas vezes, os pais ficam receosos pelo filho com Down e depois descobrem que o mundo lhe trata muito bem. Mas, caso voce se sinta desrespeitada, conversar com outros pais ou nos grupos de apoio pode ajudá-la a lidar com a situação. 

40 - Por que não devo esconder meu filho do mundo?

Alguns pais não conseguem lidar com o preconceito e, até para preservar o filho, preferem resguardá-lo em casa. Não faça isso. A criança perde possibilidades de interações que a ajudariam muito em seu desenvolvimento. Acredite: mesmo pais cujos filhos não apresentam deficiencia também precisam muitas vezes passar por cima de seus medos para agir da maneira correta. É o caso de uma mãe tímida, por exemplo, que precisa sair do seu casulo para que o filho tenha vida social. Caso seja necessário, peça ajuda a grupos de apoio, amigos, parentes, outras famílias com Down. Sair de casa e viver normalmente fará bem para toda a família. 

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